Folheando as páginas do jornal impresso
da Gazeta de Alagoas encontrei um texto com um titulo bem familiar: “A cheia de
2000 e 14 anos de abandono.” Logo percebi que o texto do Jornalista Severino
Carvalho estava se referindo a cidade de São Luís do Quitunde. Não há como não
pensar diferente já que enfrentamos no ano 2000 uma enchente devastadora, e
venhamos e convenhamos, de lá pra cá a cidade não avançou, ao contrário
estagnou e continuamos no mesmo ponto de 14 anos atrás.
Segue o texto do Jornalista Severino
Carvalho extraído do Jornal impresso da Gazeta de Alagoas.
São Luís do
Quitunde – Abandonado, o prédio histórico da Escola Estadual Messias de Gusmão
é um monumento em pandarecos à insensibilidade e ao descaso do governo do
Estado. A unidade de ensino foi desativada durante o rigoroso inverno de 2000,
quando parte do teto desabou. O imóvel acabou condenado ao esquecimento por 14
anos seguidos.
Pelas bancas da Messias de Gusmão já
passaram dois ex-governadores (Divaldo Suruagy e Lamenha Filho) e a maioria dos
quitundenses que hoje possui entre 40 e 50 anos de idade. São pessoas a exemplo
de dona Maria de Fátima Medeiros que, além de estudar, trabalhou na escola como
merendeira.
Fátima nutre um misto
de saudade e revolta quando se refere à escola. Postada em frente ao combalido
prédio, onde o filho comercializa lanches em uma barraca sobre a calçada do
entorno, ela recorda a fase áurea da unidade de ensino, em contraste com a
atual situação de abandono.
“Eu lembro que essa escola tinha o piso de madeira, as salas eram
bastante amplas e tinham uns janelões”, lembra Fátima. Para ela, o governo do
Estado já deveria ter tombado e restaurado o imóvel, construído em 1923, na
Avenida Doutor Fernando Sarmento.
O cadáver empedernido da Escola Estadual Messias de Gusmão resiste ao
tempo, tomado pelo mato. Do prédio, restam as paredes trincadas e a fachada
desbotada. Nas calçadas, nem sinal dos estudantes. Comerciantes instalaram
barracas para vender de lanches até CDs e DVDs piratas.
A escola só é lembrada na época das
campanhas eleitorais. “O palanque das autoridades fica logo ali, em frente. Aí, o político grita de lá e aponta: ‘quando eleito, vou restaurar
aquela escola’. Mas entra governador, sai governador e a escola continua assim:
abandonada”, criticou o carpinteiro Amós Domingos de Souza, 56.
Nos fundos da escola, jaz o mobiliário que um dia
foi utilizado no interior da unidade de ensino: um amontoado de cadeiras e
bancas apodrecidas e enferrujadas. Moradores da região reclamam que o acúmulo
do material em decomposição atrai insetos e outros animais indesejáveis.
A Escola Estadual Margarida Pugliesi acabou
absorvendo todo o alunado da unidade Messias de Gusmão. Única escola da rede
estadual no município, o estabelecimento de ensino convive com a superlotação e
problemas estruturais comuns à maioria das escolas que fazem parte da 10ª
Coordenadoria Regional de Educação (10ª CRE). SC ‡
Anobelino Martins
Twitter: @Anobelino