Dedico este texto para a minha professora de Geografia Márcia Raquel, com o meu carinho e respeito.
Doze e vinte e cinco da tarde. Todos os alunos do 2° ano estão eufóricos, com ânsia de ir pra casa para almoçar e bater perna, e a professora Márcia, já na tolerância da sua paciência, tenta "calmamente" aquietar os alunos com a sua voz “branda e suave”:
- SILÊNCIO, SEUS ATREVIDOS! PROCUREM O LUGAR DE VOCÊS! AÍ ATRÁS ESTÁ UM CASO SÉRIO!
Talvez vocês estejam se perguntado o porquê da letra maiúscula! É para fazer valer o sentido da ironia em “voz branda e suave”. Continuemos a história.
Mesmo com o “suave gritinho” da Professora Márcia, o aluno Gustavo insiste em continuar com a bagunça. Dando uma tapa na cabeça do PH (Paulo Henrique) disse:
- Fica na tua coquinho!
Vendo aquela cena que tem a capacidade de mexer com seus nervos, a Professora Márcia ela puxa o ar que ainda lhe resta depois da bronca anterior e grita, para melhor dizer, fala com “paciência e compreensão”, a frase que se tornou o slogan dos seus sermões:
- SIMMM MOÇO!!!!! SEU ADIANTADO, PROCURE O SEU LUGAR!!!!!
Tentado se justificar ele tentou falar:
- Calma, professora, foi ele que...
Cortando totalmente a sua justificativa improvisada, ela ordena:
- CALADO! SENÃO QUISER FICAR DE SUSPENSSÃO!
Essa foi a hora mais errada que encontrei para levantar e ir ao encontro da professora e perguntar quando seria para entregar o trabalho que ela tinha pedido.
Quando comecei a falar, ela, envolvida pela tensão do momento de raiva provocada pelo Gustavo, cortou totalmente o meu barato:
- Professora quando...
- VÁ SENTAR, MOÇO. O SENHOR TAMBÉM É CHEIO DE GRACINHAS FORA DE HORA!
Fiquei meio constrangido no momento, mas logo a minha cara lisa se recuperou do constrangimento.
Uma semana depois, quando volto do intervalo para participar da aula da Márcia, tive uma surpresa: Um pouco desconcertada ela me disse:
- Perdoe-me o jeito que falei com você semana passada. Não deveria ter falado daquele jeito, minha consciência ficou pesada.
Coçando a cabeça, falei:
- O que foi que a senhora me falou?
É, eu já tinha esquecido o acontecimento. Também quem não levou um “sim moço”, da Márcia, nem pode dizer que foi seu aluno, porque ninguém iria acreditar.
No entanto, o que mais me chamou atenção foi o cuidado da Professora Márcia em ser justa, em ser autêntica. Depois de alguns dias, forçando muito o juízo recordei o que tinha acontecido e a partir daquele dia passei a admirá-la não só como Professora mas também como ser humano. Posso dizer que aprendi muito com ela!
Autor: Anobelino Martins