Madrugada do dia 21 de março de 2012, as ruas da cidade
de São Luís do Quitunde estão vazias e só se ouve os passos de dois forasteiros que caminham em direção a rua do mercado da farinha, próximo ao colégio Anchieta. Batem
na porta de uma casa suavemente e aguardam a chegada do dono, que tudo indica
que estava no segundo sono.
Depois de uns 10 minutos de espera, saí Anobelino
Martins, ainda de pijama, com o rosto amassado pelo travesseiro e com os olhos
inchados:
- Oi, vocês chegaram logo agora! Já to indo!
Um dos personagens de preto olhavam desconfiados para os
dois lados da rua e esperavam o seu compassa se vestir... Pouco menos de 15
minutos Anobelino saí de casa, também todo de preto e com um pacote nas mãos, e
acompanha as duas pessoas...
Passaram em frente à Igreja Matriz, subiram a rua do
cemitério, tudo isso cautelosamente, sem ser vistos por ninguém, quando
chegaram na pindoba tiveram que passar com muito cuidado pela ponte, que ainda
está quebrada, chegam na pista entraram no carro que estava a espera deles e
seguiram viagem.
- Está com tudo ai? Perguntou Robson Muller, que era um
dos que estavam vestidos de preto.
- Sim, sim... Só estão faltando os poemas! Respondeu
Anobelino.
Então Bárbara Isis, que era a outra misteriosa pessoa de
preto, falou:
- Estamos quase chegando, ai, não vai faltar mais.
Depois de 20 minutos eles chegaram ao seu destino: Uma
caverna bem escura onde tinha três pedras. Então Anobelino abriu o pacote,
retirou papeis e canetas e os três começaram a escrever auxiliados com
lanternas para iluminar o ambiente que estava muito escuro.
Depois de mais ou menos meia hora Bárbara Isis falou: Pronto?
Anobelino e Robson confirmaram com a cabeça que sim,
então os três solenemente colocaram os poemas nas três pedras, um em cada
pedra, e imediatamente a caverna foi tomada por uma grande luz que iluminou
toda a caverna, poucos minutos depois o sol nasceu e a luz dos poemas se
misturaram com a luz do sol e iluminaram todo o mundo.
I
PEDRA: Bárbara Isis
Nada mais simples,
É qualquer coisa,
É olho no olho,
É beijo na boca.
É ter coragem para viver,
É atirar pedra a espada,
É tocar violão na praia,
É fazer festa sem nada.
É não ter foco na feiura,
É ver beleza em tudo,
É não fazer da lucidez uma angústia,
É rir bem alto com cinema mudo.
É ter momentos aprazíveis,
É ter sucesso no Oscar,
É fazer bom uso do livre arbítrio,
É não deixar obnubilado um dia de luz.
É apreciar o calor do Nordeste,
É ser criativo como cabra da peste,
É ter dinamismo com muita emoção,
É rir do besta com óculos escuros no avião.
É ser consuetudinário com sua crença,
É esconder o lixo na dispensa,
É ver um cabelo negro com uma flor,
E saber que está crescendo a verde árvore do amor.
É ter escrito uma música,
É testar no papel sua paciência,
É criar sem ter dúvida,
É dar valor a inocência.
É poesia,
Em metalinguagem,
É ser holístico,
É sentir tudo isso.
II
PEDRA: Robson Muller
Amor
que canto
Amor
que vivo
Amor
que leva meu bem
Amor
que sinto
Amor
que inspiro
Amor
que vai e vem
Amor
que guardo
Amor
que espero
Amor
que faz estremecer
Amor
que sonho
Amor
que busco
Amor
que tantos almejam ter
Se o
tempo traz a glória
Em
versos simples vou
Escrevendo
a nossa história
Se o
tempo instiga o dom
Em traços
livres vou
Pintando
o nosso tom.
III PEDRA: Anobelino Martins
A
poesia me acordou
Me fez
desenhar aquarelas nas paredes
Me fez
cantar no chuveiro e na rede
Animou
o que em mim era desanimo
Derrotou
o que em mim era incômodo
E me
fez olhar quem eu amo
A poesia
me chamou pelo nome
Perguntou
se eu sabia o que era o amor
E adicionou
meus versos junto à dor
A poesia
gritou, clamou, elevou a voz
Ensinou-me
a cantar para nos
Duas
almas em um mundo algoz
Mundo
cruel, destruidor de coração
Pessoas
inventoras de ilusão
Poesia
vem me dá uma razão!
Uma
razão para sair dessa dor
Um motivo
para me dar mais ardor
Só um
motivo e pode ser o amor!