Hoje você se foi e eu fico
aqui pensando em tudo que você me proporcionou. Não, não, de fato nunca nos vimos
pessoalmente. Infelizmente nunca tive a graça de me encontrar com você. A vida
não me deu este presente incomensurável. Mas mesmo sem nunca ter te visto você
me proporcionou muitas alegrias.
Desde muito pequeno ouvi teu
nome, nome do teu personagem que é o teu mesmo. Não vejo possibilidade de separar
teu personagem de ti. Cresci te ouvindo, te vendo e te imitando. Você me
ensinou muito sobre a vida. Foi meu primeiro professor, as primeiras piadas que
ouvi foram tuas e aprendi a gargalhar através de você. Contigo aprendi que o
dinheiro não compra a felicidade, que para ser super herói não precisa ter
grandes poderes, que a vingança nunca é plena e que as pessoas boas devem amar
seus inimigos.
Minha infância foi vivida na
tua vila, eu estava lá sem ninguém ver, estava escondido como se tivesse tomado
uma pílula encolhedora. Estava lá invisível quando nos meus olhos refletiam
aquele cenário diante da TV. Você sempre me arrancou lágrimas, isso porque
várias vezes chorei de rir vendo tua turma. Muito chorei também vendo tuas cenas
reflexivas e melancólicas, assim como choro agora com a melancolia deixada aqui
com a tua partida.
Você foi embora, deixou a
vila do cortiço para sempre. Foi embora “com a cabeça lá no alto” e com “a consciência
limpa” de alguém que não roubou nada. Não roubou a inocência de ninguém, pelo
contrário, foi com a inocência que você nos conquistou. Não roubou nossa
infância, ao contrário, interpretando uma criança você fez com que todos os
adultos voltassem a ser crianças. Você não roubou nossos sonhos, ao contrário,
nos ensinou a sonhar! Por isso e muito mais, hoje meu coração se entristece. Você
foi embora... O meu herói se foi!
Vai com Deus Chavinho, Ele
com certeza dará o teu merecido sanduíche de presunto! Adeus Chespirito, você
significa muito para mim!