sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Adeus, Chavinho


Hoje você se foi e eu fico aqui pensando em tudo que você me proporcionou. Não, não, de fato nunca nos vimos pessoalmente. Infelizmente nunca tive a graça de me encontrar com você. A vida não me deu este presente incomensurável. Mas mesmo sem nunca ter te visto você me proporcionou muitas alegrias.

Desde muito pequeno ouvi teu nome, nome do teu personagem que é o teu mesmo. Não vejo possibilidade de separar teu personagem de ti. Cresci te ouvindo, te vendo e te imitando. Você me ensinou muito sobre a vida. Foi meu primeiro professor, as primeiras piadas que ouvi foram tuas e aprendi a gargalhar através de você. Contigo aprendi que o dinheiro não compra a felicidade, que para ser super herói não precisa ter grandes poderes, que a vingança nunca é plena e que as pessoas boas devem amar seus inimigos.

Minha infância foi vivida na tua vila, eu estava lá sem ninguém ver, estava escondido como se tivesse tomado uma pílula encolhedora. Estava lá invisível quando nos meus olhos refletiam aquele cenário diante da TV. Você sempre me arrancou lágrimas, isso porque várias vezes chorei de rir vendo tua turma. Muito chorei também vendo tuas cenas reflexivas e melancólicas, assim como choro agora com a melancolia deixada aqui com a tua partida.

Você foi embora, deixou a vila do cortiço para sempre. Foi embora “com a cabeça lá no alto” e com “a consciência limpa” de alguém que não roubou nada. Não roubou a inocência de ninguém, pelo contrário, foi com a inocência que você nos conquistou. Não roubou nossa infância, ao contrário, interpretando uma criança você fez com que todos os adultos voltassem a ser crianças. Você não roubou nossos sonhos, ao contrário, nos ensinou a sonhar! Por isso e muito mais, hoje meu coração se entristece. Você foi embora... O meu herói se foi!

Vai com Deus Chavinho, Ele com certeza dará o teu merecido sanduíche de presunto! Adeus Chespirito, você significa muito para mim!

Autor: Anobelino Martins
http://www.anobelinomartins.com.br/

sábado, 8 de novembro de 2014

Ode a poesia

Um texto de Luiz Cleysson

Eu sempre que leio ou ouço alguém recitar um poema, sinto muito logo rapidamente minha alma e os meus sentimentos transcenderem. Me fragilizo, me sensibilizo, e às vezes, algumas poucas vezes (como hoje) eu choro. Ao ouvir a suave brisa das palavras harmoniosas, inspiradoras e excelsas do Vate, adentro-me intrepidamente no universos das estampas donde tudo é meigo, suave e amoroso.

Logo me questiono: poderia o homem viver sem a arte da poesia? Instantaneamente decido e determino que não! De onde tiro esta conclusão?Ora, da vida, das pessoas, das circunstancias. Tudo me remete a poesia. Afinal, diga-se de passagem, que poesia não se restringe tão somente as palavras ditas, mas é também, todas as substancias que em nós são transformadas pela presença de uma companhia amiga.

Poesia é também, todas as vibrações que atraem aqueles nossos amores, ou até mesmo, o elevar do corpo e da alma que fora tocada por uma boa e inestimável música francesa. - Ah, a propósito, aproveitando a oportunidade gostaria de lhes sugerir que ouvissem "Zaz". Venerável Zaz! Deusa dos olhos esverdeados, dos cabelos aprimorados, e da voz estrangeira mais requintada e alucinante que já pude ouvir.

Sua voz e suas letras me preenchem de abundante contentamento. - Recapitulando o que dizia, o homem é incapaz de renegar a poesia. Ela, a poesia, eu digo, se encontra em todos os traços, em todas as aparências, em todos os suspiros, em todos os olhares e em todos os gestos.

A poesia é fervor, é ardor; é a comoção mais vital e legitima que se pode ter da vida! Quem, por favor me diga, nunca pode apreciar da aventura de ter vivido amores rebeldes e proibidos, tão somente a princípio, crimes do pensamento e do sentimento, e que posteriormente mais tarde emergiram como crimes da carne? Ou quem, nunca vislumbrou devaneios adolescentes indubitavelmente compostos por uma complexidade escassa de praticidade e recheada de intensos conjuntos de ideias diversas, contudo também, de descontroles? Hã, quem "nunca"? Se você "nunca", deverei certificar-me do cumprimento do oficio, a mim pré-estabelecido por natureza, de aprontar-me em cuidar do preparo de suas exéquias.

Eu, o executor humano das leis naturais da vida, me distingo como vida. Pois sou duvida, sou santo, sou pecado, sou amargo, sou amor, sou profano, eu sou poesia! Quem não aspira poesia, não pode conceber em uma conjuntura de conclusões lógicas, a possibilidade de se quer, ser animal!


Autor: Luiz Cleysson 

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