Meu herói tinha muitos medos,
porém era muito corajoso, porque mesmo tendo medo enfrentava o perigo. Sempre antes
de lutar contra o mal dizia: "eu vou, eu vou..." Como se quisesse uma desculpa
para não ir. Porém, quando aproveitavam da nobreza dele, claramente não hesitava,
ia à luta, enfrentava o medo, salvava os inocentes do perigo.
Meu herói não tinha grandes
poderes, a sua força era a esperteza, mesmo não sendo tão inteligente. Dizia
com muita firmeza: “A inteligência jamais
será detida pela força bruta”. Sua marreta biônica era a sua arma principal, com ela ele fulminava os inimigos. As pastilhas
de nanicolina
deixavam ele menor do que já era, mas era a sua arma secreta, que garantia a vitória
sobre os bandidos.
Meu herói além de salvar o
mundo das forças do mal ensinava valores como a compaixão, a amizade, a
bondade, o perdão... Defendia o bem, buscava a harmonia entre o mal feitor e a vítima, levava
o bandido a se arrepender e a vítima a perdoar. Queria a paz e não a guerra, lutava quando já não
tinha alternativas. O meu herói nunca matou ninguém, ele era o inverso, ao invés
de matar o bandido, o salvava da vida criminosa. Ele buscava ressocializar os
ladrões, que prometiam mudar de vida. Este foi o referencial de herói que tive durante toda a minha infância e até hoje.
E o mais interessante, meu herói
era como eu, carregado de falhas, de defeitos. Que se tremia enrolado embaixo
do lençol com medo de fantasmas. Que batia na pessoa que pediu ajuda a ele. Que
não sabia nem falar um ditado direito. Que atrapalhava mais do que ajudava, mesmo
assim era sempre chamado: “Oh, e agora, quem poderá me defender?” Como me sentia orgulhoso quando alguém me dizia: "Você parece com o Chapolin Colorado!"
Caso fosse necessário ele era
professor, astronauta, médico, pintor, dançarino, carregador, motorista,
lutador de box ou karatê, até boneco de ventriloco se assim fosse preciso... Fazia tudo que fosse preciso para ajudar, mesmo quando não dominava o assunto, mesmo quando não sabia. Mas fazia, justamente porque os vilões não
contavam com a sua astúcia.
Em fim, meu herói era, é e
sempre será o Chapolin Colorado. Confesso que quando era criança esperava com
muita certeza que ele iria aparecer se eu dissesse: Oh, e agora, quem poderá me
defender? Ele nunca aparecia quando eu chamava, mas sabia que na televisão, no
canal do SBT, eu iria acha-lo.
Você é o máximo, Chapolin!
Autor:
Anobelino Martins